Em apenas 10 amostras analisadas, uma pesquisa feita em lagos e banhados na região de Carajás, no Pará, resultou na descoberta de sete novas espécies de diatomáceas (microalgas). O trabalho faz parte do pós-doutorado da bióloga Ana Luiza Burliga Miranda, que afirma que as características da região indicam que as novas espécies são endêmicas, ou seja, só existem lá. Segundo a bióloga, 54 amostras ainda esperam análise e podem conter muitas outras espécies desconhecidas.
A cientista explica que as diatomáceas são a base da cadeia alimentar aquática – sem elas, não existiriam os demais seres vivos. Além disso, as espécies descobertas são de gêneros que indicam um ambiente bem específico e preservado.
A bióloga diz ainda que o fato de terem sido descobertas tantas espécies em tão poucas amostras indica que pouco sabemos ainda sobre a biodiversidade da região, e mesmo assim a ação do homem está acabando com outros seres vivos que ainda nem foram vistos. “O ambiente está sendo detonado e a gente ainda não conhece bem nossa biodiversidade”, afirma.
Ana Luiza afirma também que as novas espécies vivem em um ambiente limpo, preservado, de banhados e lagoas, com água um pouco mais ácida que o normal, com poucos nutrientes e acima de 700 m de altitude. Segundo a pesquisadora, todas essas características indicam que as espécies são endêmicas e, além disso, podem ser muito suscetíveis à interferência do homem, como a poluição, que pode acabar com o equilíbrio desse ambiente.
A bióloga critica a falta de pesquisa no Brasil. “Faltam instituições e mais pessoal qualificado. (…) A gente tem poucos centros de excelência em diatomáceas no Brasil”.
Por outro lado, ela elogia os incentivos dados pelo governo federal, que, pelo menos na área dela, cresceram muito. “Eu tenho 46 anos. Eu tinha 20 quando comecei a pesquisar e a gente não via nada (de incentivo)”.
Fonte: Portal do Biomédico.
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